numa sociedade patriarcal e majoritamente cristã, é difícil perceber – e principalmente aceitar – que você se encontra fora do padrão, um padrão que precisa ser seguido (isso é o que ignorantes acreditam).
é assim que surge a heterossexualidade compulsória. meninas cresceram ouvindo sobre namorados, sobre ser a esposa de um homem, uma dona de casa, uma mãe… crescemos ouvindo sobre o masculino sempre, é como se realmente tivessemos nascido para ser uma esposa e mae tradicional (o famoso “tradwife”) além de ter essa ideia enraizada desde cedo, o processo de se descobrir pode ser muito solitário. mulheres não são ensinadas que podem gostar de mulheres. nossa existência, por si só, é um ato político.
no meu caso, eu me descobri mais cedo do que o comum. e pra piorar, eu vivia na bolha de uma escola completamente religiosa, com pessoas conservadoras. uma das minhas memórias mais irônicas em relação a isso, foi quando eu tinha 11 anos e fui pra igreja pensando que não ia mais gostar de garotas, pensando que talvez, isso sumisse, chegando lá eu não parava de admirar a menina que estava sentada na minha frente… vivências né?. depois daí eu percebi que era burrice minha tentar mudar isso.
além do processo ser solitário, é pior ainda quando você é lésbica e só tem amizades heterossexuais, ou, no meu caso, apenas amigas bissexuais. me faz bastante falta pelo menos uma amiga lésbica, que me entendesse, que compreendesse minhas vivências pois passou por algo parecido. isso é muito importante, sabe? ter ali alguém que ressoa com suas experiências, que entenda sua dor, eu infelizmente ainda não tive o luxo de encontrar essa pessoa.
renúncia cristã é um assunto um tico polêmico, eu diria? tenho dois pensamentos um pouco contraditórios sobre; o primeiro, é que essa atitude abre espaço para os religiosos afirmarem que isso tem “cura” – já que pra eles somos doentes –. pois, perceba, quem renuncia está disposto, de certa forma, a viver um relacionamento hétero-normativo, fazendo os preconceituosos terem pra si a ideia de que podemos simplesmente escolher de qual gênero vamos gostar – e sabemos que não funciona assim –; o segundo é que a pessoa só quer se sentir pertencente, não acho certo, é questão de compreender mesmo. talvez falte coragem na pessoa… são várias camadas que me deixam pensativa.

caso alguma querida lésbica leia esse texto, aqui vão lembretes diários: você não é obrigada a suprir expectativas de pais, parentes ou qualquer um; não tem nadinha de errado contigo, tá tudo bem em fugir do padrão, nunca deixe que alguém tente te apagar ou colocar abobrinhas na sua cabeça. à qualquer pessoa lendo isso, sinta-se acolhida por mim! meu chat está aberto qualquer coisa. feliz dia do orgulho!. ♡ :’))
Eu de fato sinto muita falta de uma amiga lésbica também!!